O Bosque

Posted on março 29, 2007

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Naquela manhã ela acordou meio triste, um tipo de melancolia que não se sabe explicar. Hormônios… Mulheres são de fases.

Vestiu a calcinha, o sutiã, uma blusa fresquinha e uma bermuda. Procurou então as meias para calçá-las. Sentou na beirada da cama, e por um instante não pensou em nada, ficando com o olhar perdido no ar… Ainda descalça, pousou seu tornozelo sobre o joelho e se acariciou, limpando a poeira dos seus pés. Passando suavemente a mão entre os dedos. Pensando que a carícia nos pés é algo tão agradável, que até mesmo essa auto-carícia era algo delicioso. Calçou então as meias e o seu tênis “velho de guerra” e saiu para a caminhada de todo dia.

Chegou à entrada do parque e fez seu alongamento. A caminhada diária era um dos melhores momentos do dia… Acordava cedinho e mesmo chateada, como estava hoje, fazia questão. Enquanto caminhava esquecia do mundo, dos problemas, era quase um transe. Apertou o passo, e à medida que o sol começava a subir no horizonte, o calor aumentava, o suor escorria, mas era tão delicioso… Caminhar por aquele bosque, entre as árvores, sentindo o sol incidir sobre seu corpo, esgueirando-se por entre as folhas… Era mágico… Olhou pra cima e teve que espremer um pouco os olhos, apesar de ainda fraco, sol é sol, e ofuscou sua visão. Olhou então mais uma vez pra frente, e avistou um homem sentado.

Mesmo um pouco distante, a figura daquele homem chamou a sua atenção. Ele estava sentado na grama, lendo um livro, a mochila de couro a seu lado, com as calças mal dobradas até a altura do joelho e descalço. Aquele fato atiçou a sua curiosidade e ela diminuiu o ritmo da caminhada, para observá-lo melhor.

Era um homem bonito… Moreno, ombros fortes, pernas longas… Braços e pernas bem cabeludos. A pele morena parecia combinar com aqueles pelos… À medida que se aproximava, prestava ainda mais atenção ao estranho. O cabelo bem curto, raspado à maquina, os óculos de aro finíssimo… Ele não parecia perceber que era observado. Por que ela estava tão hipnotizada por aquele homem?

Fixou o olhar em seus pés morenos, cruzados, com unhas bem feitas e aqueles pelinhos no dorso do pé que ela tanto amava… Por um segundo fechou os olhos e suspirou. Um arrepio lhe subiu a espinha ao imaginar aqueles pés bem perto…

De repente, tropeçou em alguma coisa, talvez um buraco, e torceu o pé. A dor foi tanta, que sem perceber ela soltou um grito. Tentou firmar seu pé no chão e não conseguiu, sentindo muita dor e abaixando-se para sentar. Antes que percebesse, aquele homem que ela tão atentamente observava, estava a seu lado. E perguntou se ela precisava de ajuda. Antes que falasse qualquer coisa, ele colocou-a no colo com tanta facilidade que ela se sentiu uma pluma. E aconchegou-se naqueles braços, aproveitando um pouco a situação, por um momento esqueceu a dor e pousou seu rosto naquele peito forte.

Ele a levou para a grama, onde havia deixado o livro e o resto de suas coisas. O mesmo lugar em que há um minuto estava sentado e sendo observado por ela. Cuidadosamente pousou-a no chão. Deitando-a na grama e puxando a mochila para que ela pousasse a cabeça.

O suor escorria pela a sua face, ter parado a caminhada abruptamente, a dor causada pela torção… Aquele homem a seu lado transmitia-lhe uma sensação tão boa… Sentia-se protegida.

Ele sentou a seus pés, dobrando uma perna e esticando a outra ao longo do seu corpo, mais uma vez ela tinha a visão daqueles pés morenos bem junto de si, com aqueles pelinhos no dorso, hummmm… Ele pousou o pé dela em seu colo e delicadamente foi descalçando o seu tênis e a meia. Ela deu um gemidinho de desconforto, uma dorzinha… Ele imediatamente perguntou se a estava machucando. Ela respondeu que não e ele continuou.

Seu pé ainda não estava inchado, talvez nem ficasse. Ele apalpou delicadamente seu pé, como quem estivesse inspecionando, vendo o que estava errado, agia com uma propriedade, que ela perguntou se ele era um especialista. Ele sorriu, e disse ter “algum” conhecimento. Era fisioterapeuta e massoterapeuta. Ela sorriu dizendo que não poderia ter caído em lugar melhor, ambos sorriram.

O toque das mãos dele em seu pé era uma sensação deliciosa. Ele não parecia importar-se com o suor dos seus pés. Ela chegou a comentar sorrindo, que não gostaria de asfixiá-lo. Ele sorriu mais uma vez, dizendo que seu suor, além de ajudar suas mãos a deslizar em seus pés, tinha um aroma delicioso, que ela não se preocupasse. E assim ela fez… Olhando mais uma vez para o céu, para a folhagem das árvores. Sentindo aquela suave massagem em seus pés. O toque quente das mãos dele… Hummmm… Ficaria uma vida ali, sobre aquela grama, com aquele homem a acariciar seus pés. Fechou os olhos e deu um suspiro.

Ao abrir o olho, viu que ele a observava, com um sorriso. Ela sentiu o rosto corar. Ele havia percebido o quanto aquela massagem havia se transformado em uma carícia e a excitava. Ela então, apoiou-se nos braços e sentou. Sua mão displicentemente encostou-se ao pé dele. E antes que a razão reprimisse o instinto, ela acariciou os pés dele, fechando os olhos e detendo-se apenas à sensação do toque das mãos dele em seu pé, e do seu toque nos pés dele. Como se naquele momento eles tivessem criado uma corrente de energia, que pulsava entre eles.

Eventualmente, ela ouvia passos, dos outros correndo, ou vozes animadas, conversando durante a caminhada… No entanto, não se importava… Era uma carícia extremamente erótica para ela, mas aparentemente casual para o resto do mundo.

Ela abriu os olhos, e viu nos olhos dele, que aquela carícia também tinha uma conotação erótica para ele. Discretamente, lançou um olhar entre as pernas dele, e percebeu que ele estava excitado… Como ela… Sentia seus mamilos arrepiados e sua calcinha encharcando de excitação. Ele olhava em seus olhos, como se ela estivesse nua à sua frente… Acariciava seu tornozelo, sua perna, descia novamente para o pé…

Foi então que em determinado momento, ele olhando diretamente em seus olhos, guiou o pé dela, ainda calçado com o tênis, para entre as suas pernas e levantou o pé descalço para bem perto da sua boca, passando a língua pela sua sola.

Nesse momento, ela fechou os olhos, tamanha a excitação. Afundou as unhas em sua carne, provocando nele um gemidinho. Ela deu um sorriso e abriu os olhos, forçando o pé entre as pernas dele, como quem acelera o pedal de um carro, delicada e firme… Dessa vez, foi ele que fechou os olhos e respirou fundo. Colocou os dedinhos dela, um a um em sua boca, ela sentia a língua quente, a saliva molhando, os dentes arranhando… Hummmm… Estava à beira de um orgasmo ali, no meio daquele bosque, com seu pé na boca de um estranho, um delicioso estranho…

Mais uma vez fechou os olhos, e no instante em que sentiu seu corpo estremecer com o orgasmo, forçou mais uma vez seu pé entre aquelas pernas. Subiu suas mãos pela perna dele, emaranhando seus dedos àqueles pelos e fincando as unhas naquela carne morena… Ouviu também um gemido dele, abriu os olhos e viu que dessa vez era ele com os olhos fechados, tendo um orgasmo. Com seus dedos em sua boca, com seu pé entre as suas pernas…

Mais uma vez ouviram que um grupo de pessoas se aproximava, e dessa vez conversando animadamente. Ela respirou fundo, e tentou recompor-se. Ele deu um sorriso e abaixou o seu pé, pousando em seu colo. Ela sorriu, já não sentia dor… Havia apenas a sensação de prazer…

Esperaram as pessoas se afastar, e então olharam para a calça dele. Suja! Ela pediu desculpas, meio constrangida por tudo, ele disse então que não havia o menor problema. Muito pelo contrário. Que o orgasmo de antes valia por qualquer “sujeira”. Disse que nada que sua blusa longa não disfarçasse. E riram muito da situação.

Ficaram ali, na grama, sentados, sorrindo, felizes… Esquecendo completamente, que aquela manhã começou melancólica e triste, mas agora… Tudo era diferente. Deitaram na grama e olharam para o alto, ela buscou a mão daquele homem que sequer sabia o nome, mas que lhe transmitia uma enorme paz e conforto. Sem nada dizer, aproveitaram aquele momento, mudos, apenas observando e absorvendo toda a magia do bosque…

Posted in: Podolatria